quinta-feira, 20 de março de 2014

O transporte de cada dia

Incrível como após tantas reivindicações, manifestações, matérias nos telejornais e denúncias o transporte público continua sendo escasso e motivo de calamidade pública. Será que ninguém que está hoje andando de avião pelo governo nunca foi pobre?
Relações básicas públicas do cotidiano não conseguem melhoria e é uma vergonha que a classe baixa tenha que levantar as cinco para entrar no trabalho as oito da manhã. Porque será que ninguém se importa? Especificadamente, o governo não se importa. Pra mim nada mais é do que falta de vergonha na cara e caráter. Ter poder e não ser digno de ajudar o próximo, não tem outra explicação do que déficit no caráter.
Todos os dias é a mesma ladainha, agente madruga no ponto de ônibus, e quando ele chega lá vem a vontade de chorar. Isso quando ele para, pois diversas vezes perdi meu horário no trabalho devido a tamanha lotação e os motoristas simplesmente não param porque não tem onde colocar mais gente.
Nada contra o ser humano, mas as seis da manhã, aguentar gente suada, com seus perfumes diversos, bolsas e malas entre bocejos e espirros é desconfortante. É um inferno!
O mau humor já começa daí e acho, só acho que não estou pedindo demais. Isso é sobrevivência, é o pobre precisando desse serviço porque tem contas a pagar. É gente trabalhadora que rala dia e noite e sonha um dia poder não precisar mendigar transporte do governo.
Engraçado, cadê a lei que obriga o cinto obrigatório? Viajar nessas sardinhas lotadas é menos perigoso do que automóveis? Porque será que a lei no transporte público não se aplica? A palavra que descreve isso é interesse.
Acostume-se, nós não somos nada, nos resumem a maioria pobre que vive com a palavra justiça na boca. E existe outra que mais se adéqua?
Saber que não somos dignos enoja, a hipocrisia de nossas leis entristece.
Ir as ruas não adianta,
Manifestar não resolve;
o povo não quer riqueza, o povo quer dignidade;
ter vontade de viver e acreditar, não apenas sonhar.
Quem estuda não tem que pagar!
Quem viaja, seguro quer estar.
Quem precisa de condução, quer entrar no ônibus sem ter vontade de gritar.

Por Gabriela Peres